Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Victor Lafay tem sido, ao
longo dos últimos anos, um dos ciclistas franceses mais talentosos da sua
geração. Vencedor de uma etapa na Volta a França de 2023 e conhecido pela sua
capacidade para acompanhar os melhores nas subidas curtas e explosivas, o corredor
da Decathlon AG2R La Mondiale Team vive um momento de reflexão profunda sobre o
futuro. Aos 29 anos, admite que pode estar prestes a colocar um ponto final na
carreira, decisão que poderá ser tomada logo após a Volta a Guangxi.
“Não sei. Talvez seja mais
fácil parar quando se está em boa forma do que quando se está a lutar e já
estamos esquecidos”, confessou o francês à Domestique. “Não seria mau sair no
topo. Se eu parar, será para fazer outros projectos desportivos, por isso é
melhor não estar acabado fisicamente.”
Apesar de continuar em
excelente condição física, Lafay revela-se dividido entre continuar no pelotão
ou iniciar uma nova fase da vida. Sem contrato para 2026, o francês admite que
tem ofertas de várias equipas, mas ainda não decidiu o que fazer. “Queria tomar
uma decisão antes de vir para cá, mas as circunstâncias fizeram com que
demorasse um pouco mais. Por isso, estou mesmo 50-50.”
Após uma temporada irregular,
marcada por uma longa pausa entre abril e agosto, Lafay reencontrou o ritmo nas
últimas semanas e mostrou um desempenho muito competitivo na Volta a Guangxi,
onde terminou em 2.º lugar na etapa de Nongla. Uma vitória teria, talvez,
mudado o rumo da sua decisão.
“Acho que
tinha pernas para ganhar”
Sobre a sua prestação na etapa
rainha, Lafay explicou a estratégia da equipa e lamentou o infortúnio de um
colega. “Queríamos jogar com os nossos números, mas perdemos o Aurelien
Paret-Peintre mesmo antes do final da subida e ele era a carta que queríamos
jogar, juntamente comigo”, disse. “A Emirates talvez tenha jogado um pouco
demais, atacando em todas as direções. É uma pena, porque acho que tinha pernas
para ganhar.”
O ataque decisivo de Paul
Double acabou por se revelar incontrolável, deixando Lafay e os restantes
favoritos a lutar apenas pelo segundo posto. “Eu tinha mesmo posto na minha
cabeça a ideia de dar tudo a partir da curva à esquerda. No ano passado, vi que
não era assim tão íngreme, por isso antecipei-me aos outros. Não tinha a
certeza se ainda havia alguém à frente, mas vi uma mota e percebi que sim.
Depois vi o ciclista da Jayco”, recordou.
O francês reconhece que,
naquele momento, teve dificuldade em ler a corrida e acabou por não conseguir
reagir a tempo: “Ele deve ter feito um grande esforço para conseguir uma
vantagem como aquela, por isso não sei se tinha a possibilidade de fazer melhor.
Mas se o Aurelien não tivesse ficado antes da subida, talvez tivesse podido ir
no momento em que a corrida estava perdida…”
Apesar da frustração, Lafay
mantém-se optimista quanto à derradeira etapa. Com o circuito de Nanning a
incluir uma subida curta, mas íngreme, que será repetida várias vezes, o perfil
da etapa poderá favorecer o francês e a Decathlon.
Independentemente do
resultado, Victor Lafay parece determinado a encerrar esta fase da carreira em
alta. A sua lucidez reflete um ciclista que nunca procurou apenas números, mas
sim ver que as coisas fazem sentido e talvez, como ele próprio disse, “não seja
mau sair no topo”.
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