Uma década depois, José Azevedo está de volta à principal prova portuguesa de ciclismo
José Azevedo está de regresso
à Volta a Portugal em bicicleta, após mais de uma década de ausência, como
diretor desportivo da Nippo Delko Provence, uma equipa que o seduziu pelo
projeto de chegar ao Tour.
Embora fosse visita habitual
da caravana em cada verão, José Azevedo não participava na prova rainha do
calendário nacional desde que se despediu do pelotão em 2008, com o 25.º lugar
na geral final da Volta a Portugal.
“É uma boa sensação [estar na
Volta] No meu caso particular, depois de tantos anos afastado, é especial. Foi
2008 o meu último ano como ciclista, acabei a carreira aqui em Portugal.
Depois, vinha ver etapas, vinha visitar a Volta. Estou contente por estar de
regresso”, confidenciou à agência Lusa.
O reencontro com conhecidos de
sempre, pessoas com quem passou anos da sua carreira e com quem criou relações
de amizade, mas que via apenas na Volta ao Algarve de ano a ano, é outro dos
aliciantes deste regresso a casa do quinto classificado do Tour2004 e do
Giro2001, que só lamenta que este aconteça num contexto de restrições motivadas
pela pandemia de covid-19.
Nos últimos anos, o antigo
ciclista, de 47 anos, foi, primeiro, diretor desportivo e, depois, ‘manager’ da
Katusha, que tinha outro programa e um calendário diferente, não compatível com
a corrida portuguesa, mas, agora, a Volta a Portugal insere-se na perfeição no
‘target’ da Nippo Delko Provence .
“Esta é uma prova que nos
permite fazer nove dias de competição, e, ao mesmo tempo, pela qualidade que a
prova tem e também por dar na televisão, tem muita projeção internacional, o
que é bom para os patrocinadores. Também para os corredores jovens que temos na
nossa equipa é uma oportunidade para evoluir”, notou o diretor desportivo da
formação francesa, que tem o britânico Simon Carr como líder da juventude.
Depois do conturbado final da
Katusha, José Azevedo pensou que iria ficar uma temporada fora do ciclismo,
antes de assumir, novamente, o papel de diretor desportivo de uma qualquer
equipa do WorldTour, contudo, o projeto apresentado pelo novo dono da Nippo
Delko Provence convenceu-o e o regresso aconteceu antes do esperado.
“Acho que no nosso trabalho de
diretor desportivo, o que conta são os projetos, pelo menos no meu caso. Esta
equipa foi adquirida por um novo proprietário, ele explicou-me o projeto que
tinha em mente. O objetivo é consolidar esta equipa no escalão Pro Continental
e chegar à Volta a França. E foi esse projeto de construir algo, a confiança
que teve em mim para ajudá-lo, que me fez aceitar o convite que ele me fez”,
justificou.
Apesar de ser “algo diferente,
numa dimensão diferente”, Azevedo não considera que ter ‘baixado’ uma divisão
seja um retrocesso na sua já longa e conceituada carreira enquanto diretor
desportivo, até ao ano passado construída sempre em equipas do WorldTour.
“Nós como diretores,
movemo-nos por objetivos. Temos de estar motivados para o trabalho. E foi isso
que me seduziu. Se conseguirmos que esta equipa vá evoluindo, ganhe uma imagem
boa e comece a ter entrada em corridas mais importantes, e, finalmente,
conseguirmos chegar ao Tour, para mim é positivo. Não sinto que seja um passo
atras, é uma coisa diferente. Se estivermos a falar de divisão, é um passo
atrás, mas o facto de poder ajudar a construir algo, se conseguirmos algo, é
uma vitória”, sublinhou.
Satisfeito por ter “uma equipa
competitiva, independentemente de ganhar ou não”, o poveiro defende que, se
houver uma mudança de mentalidade, que faça com que os seus ciclistas estejam
sempre na discussão das provas, o futuro da Nippo Delko Provence será risonho.
“Nesta corrida, a filosofia é
a mesma. O nosso objetivo é ter, no final, um corredor nos 10 primeiros, acho
que temos legitimidade para isso. E, nas etapas que encaixam nas
características dos nossos corredores, vamos tentar assumir”, revelou à Lusa.
Fonte: Sapo on-line
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