Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A sete dias do início da Volta
a França de 2025, a ansiedade já se faz sentir no pelotão, em especial na Team
Visma | Lease a Bike. Tiesj Benoot, um dos gregários mais experientes do bloco
neerlandês e figura chave no apoio a Jonas Vingegaard, mostrou-se apreensivo
quanto ao desenho das primeiras etapas planas da prova, marcadas por risco
elevado e incerteza tática.
Com partida marcada para
Lille, a 5 de julho, o Tour regressa a um arranque propício aos sprinters. Em
entrevista ao In de Leiderstrui, Benoot não escondeu o receio de um início
caótico.
"Talvez ainda não se tenha falado muito sobre isso, mas vai ser um verdadeiro caos. Estou um pouco assustado", confessou. "Em 2021, começámos na Bretanha e, na verdade, tenho medo das mesmas cenas".
O arranque de 2021 ficou
manchado por várias quedas coletivas, incluindo o episódio da célebre placa de
sinalização que lançou o caos no pelotão. "Na Bretanha, houve 120
ciclistas que caíram nesses primeiros dias", recordou. "Algo assim não
é bom para o ciclismo".
O belga comparou essa
experiência com as mais recentes "Grand Départ", como as de 2023 e
2024, onde os traçados acidentados do País Basco e da Itália proporcionaram uma
seleção mais natural. "Com essas partidas no País Basco e em Itália, já
todos estavam um pouco mais no seu lugar. Achei que foi uma excelente escolha
da organização, por isso é uma pena que agora voltemos a uma partida tão
plana".
Ainda assim, Benoot reconhece
o apelo de um início voltado para os sprinters. "Também a compreendo: os
sprinters podem conquistar a camisola amarela e merecem-na".
Os nomes de Jasper Philipsen,
Tim Merlier, Biniam Girmay e Jonathan Milan figuram entre os favoritos às
primeiras etapas e à desejada maillot jaune. Mas para os homens da
classificação geral, cada quilómetro inicial representa um risco elevado.
Quedas, avarias ou cortes provocados pelo vento lateral podem comprometer meses
de preparação antes sequer de se chegar às primeiras dificuldades montanhosas.
"Trata-se sobretudo dos
primeiros três, quatro, cinco dias. Depois disso, as coisas abrandam de novo,
porque toda a gente está mais instalada no pelotão", explicou Benoot.
"Eu digo sempre: se chegarmos ao primeiro dia de descanso sem quedas,
então a Volta já está três quartos feita. Esperemos que sim".
A formação neerlandesa espera
evitar os azares que condicionaram os seus planos nas últimas duas edições, e
Benoot sabe que o trabalho de proteger Vingegaard será partilhado por um núcleo
mais compacto de apoio. Em 2024, o dinamarquês alinhou na prova após uma queda
grave no País Basco, mas este ano a sua preparação decorreu com maior
tranquilidade.
"Faremos tudo, enquanto
equipa, para estar na zona de segurança", garantiu Benoot. "Mas toda
a gente faz isso. Vimos isso no Critérium du Dauphiné, onde todas as posições
foram disputadas".
Os perfis detalhados das
etapas ainda não estão na posse dos corredores, mas a mentalidade na Visma está
bem definida: os primeiros dias exigem concentração total e preparação para
todos os cenários. Benoot sabe que bastam poucos segundos de desconcentração
para perder tudo, como Primoz Roglic bem sentiu em 2021 e 2022.
"Recebemos uma visão
geral das três semanas, mas ainda não em pormenor", revelou. "Já
sabíamos que seria perigoso. Em 2018, também começámos na Vendée e a minha
Volta a França já tinha terminado no quarto dia".
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