Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Aos 23 anos, Arnaud De Lie é
já uma das figuras mais reconhecíveis do ciclismo belga, mas o caminho até aqui
não foi fácil. O ciclista da Lotto falou recentemente ao Sporza sobre os
desafios mentais que enfrentou desde que se tornou profissional e como conseguiu
reencontrar equilíbrio numa carreira marcada por lesões, pressão mediática e
exigências precoces.
"Tentei aceitar esses
pontos baixos, o que não foi fácil. A certa altura, pensei: para quem é que
estou a fazer ciclismo? As pessoas têm expectativas, mas eu quase o fiz pelos
outros e não por mim. Agora faço isso", afirmou. "Agora tento tirar o
positivo do negativo. É nisso que me concentro e isso tem de partir de nós
próprios. As pessoas podem encorajar-te, mas se estiveres convencido de que não
vai funcionar, então não vai funcionar".
De Lie reconhece que no passado teve dificuldades em lidar com os resultados abaixo das expectativas, muitas vezes causados por lesões. A frustração tornava-se dominante, e com ela vinham dúvidas e pressão acrescida. "Os meus objetivos não têm de estar centrados nos resultados. Acima de tudo, tenho de me sentir satisfeito e orgulhoso. Quando consegui lugares de honra no início da época na Volta ao Algarve, estava sempre zangado, mas essa não era a atitude correta e não me ajudou".
Para lidar com essa pressão,
optou por um afastamento do ruído exterior. Evita ler notícias ou comentários
sobre si, algo que considera essencial para manter o foco e a saúde mental.
"Vemos as coisas a passar, mas quando me levanto não penso ‘vou ver o que
escrevem sobre mim no jornal’. Tento distanciar-me disso e tenho trabalhado
muito comigo próprio. Procurei o que me dá prazer".
O belga admite que, em tempos,
levou as críticas demasiado a peito. Agora, aprendeu a filtrar o que ouve e lê:
"Temos de aprender a avaliar o que nos dizem ou o que dizem de nós. Se as
pessoas disserem que temos de melhorar o nosso desempenho, podemos ficar
zangados e perguntar por que razão estão a fazer essa acusação. Essa é uma
forma de o fazer. Levei as coisas demasiado a peito e coloquei a fasquia
demasiado alta".
Com os Campeonatos Nacionais e
a Volta a França no horizonte, De Lie entra numa das fases mais importantes da
época. Ainda assim, mantém os pés bem assentes na terra e recusa deixar-se
levar pela ansiedade. "Vivo mais o momento. Por vezes, penso no Tour, mas
não me perguntem pela ordem das primeiras 10 etapas. Fá-lo-ei depois do
Campeonato da Bélgica".
Em relação ao seu futuro, o
sprinter é claro: tem contrato até 2026 e não quer alimentar rumores sobre
eventuais transferências. "Não me deixa nem quente nem frio. Ainda estou
sob contrato e sou um homem de palavra. Um contrato é um contrato. E quanto ao
resto, é passo a passo: primeiro o Campeonato da Bélgica, depois o Tour e
depois o meu futuro".
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