Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O recrutamento de inverno da
Team Visma | Lease a Bike pode não ter trazido grandes manchetes, mas uma das
suas contratações discretas já oferece um olhar revelador sobre a forma como a
equipa continua a identificar valor futuro para o World Tour.
Anton Schiffer, que chega à
formação neerlandesa vindo da equipa continental Bike Aid, explicou como o seu
passado nos desportos de endurance e os primeiros indicadores fisiológicos o
colocaram no radar da Team Visma | Lease a Bike. Em declarações ao radsport-news.com,
o alemão traçou um percurso de desenvolvimento que começou muito antes de se
dedicar em pleno ao ciclismo profissional.
“Não comecei do zero”,
explicou Schiffer. “Como triatleta, consegui naturalmente construir um elevado
nível de capacidade cardiovascular. Aos 15 anos já tinha um VO2max bastante
alto, de 75 ml/kg/min”.
Números raros tão cedo, mesmo
entre atletas de resistência de elite, que serviram de base ao corredor que
mais tarde transitaria com maior seriedade para a estrada. Schiffer destacou
também a potência sustentada como um marcador-chave da sua progressão. “Lembro-me
também de que em 2022 fiz 20 minutos a 6,8 watts por quilo”, indicou.
Dos dados de desempenho a um
contrato World Tour
Esse perfil fisiológico não
passou despercebido. Schiffer revelou que a sua mudança para a Team Visma |
Lease a Bike ganhou impulso após um resultado de destaque no início deste ano,
quando dados internos de desempenho chamaram a atenção de uma das figuras mais
influentes da organização.
“Depois do meu bom resultado
na Volta à Grécia na primavera, o Patrick Broe, Head of Strategy da Team Visma
| Lease a Bike, contactou a equipa”, disse Schiffer. “Ele conhece todos os
ciclistas do mundo e perguntou se podia ver os meus dados no TrainingPeaks. A
partir daí, tudo avançou bastante depressa”.
Mais do que uma transferência
tradicional impulsionada apenas por resultados, a contratação de Schiffer
sublinha a aposta contínua da Team Visma | Lease a Bike num scouting orientado
por dados e no potencial de desenvolvimento a longo prazo. Para o corredor, o
apelo esteve na oportunidade de evoluir numa estrutura World Tour conhecida por
lapidar trepadores e gregários de endurance.
“Acho que me contrataram
sobretudo para apoio na montanha”, explicou.
Aprender
o que significa realmente correr no World Tour
Schiffer deixou também uma
avaliação clara do fosso de desempenho entre o World Tour e os escalões
inferiores de onde vem. Em vez de diferenças dramáticas nos picos, destacou
como os níveis de performance se comprimem no topo.
“As corridas World Tour são
consideravelmente mais homogéneas em termos de densidade de performance”,
afirmou, apontando para a experiência recente em provas por etapas de alto
nível. “Já se nota isso em corridas como a Volta à Alemanha”.
Referindo-se a uma subida
decisiva, Schiffer acrescentou: “Lá, subimos ao Monumento de Hermann em pouco
mais de cinco minutos a quase 7 watts por quilo”.
Esse registo, notou, seria
normalmente determinante noutros patamares. “Com um desempenho assim, numa
corrida 1.1 ou 2.1, reduz-se o pelotão para 15 a 20 corredores”.
No World Tour, a realidade é
mais dura. “Numa corrida World Tour, não se deixa para trás ninguém com esse
tipo de watts por quilo”, apontou Schiffer. “Ou, se acontecer, serão muito
poucos”.
Para a Team Visma | Lease a
Bike, Schiffer representa mais um investimento calculado em capacidade de
endurance bruta e margem de progressão. Para o corredor, os números que
marcaram a adolescência são agora a base de uma aprendizagem World Tour assente
na paciência, nos dados e no trabalho de apoio em montanha.
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