Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Ser ciclista do World Tour é
sinal de qualidade, mas vencer é outro campeonato, algo que Rui e Ivo Oliveira
sentiram na pele. Na UAE Team Emirates - XRG desde 2019, os gémeos portugueses
somaram anos de sucesso como gregários, mas em 2025 Ivo bateu o pé e conquistou
quatro vitórias na temporada, contribuindo para o recorde da equipa e
confirmando o lugar na formação mais competitiva do pelotão mundial.
Em 2026, Oliveira disputará o
Tour Down Under (e possivelmente a Cadel Evans Great Ocean Road Race), a
Figueira Champions Classic, a Volta ao Algarve, a Milano-Torino, a Volta a
Catalunha, a Volta à Romandia, o Gran Camiño, a Boucles de la Mayenne, o Tour
Auverge - Rhône Alpes, o Campeonato Nacional, a Volta a Espanha, a Cro Race e a
Japan Cup. Impressionantemente, o seu calendário está definido até outubro do
próximo ano, caso não haja doença ou lesão que o impeça de participar em
qualquer uma destas corridas.
Foi, sem dúvida, um ano de
afirmação para o ciclista de 29 anos, um entre cerca de duas dezenas de
corredores que circularam pelo hotel da equipa no media day deste sábado à
tarde.
Entrou numa conversa com o
irmão Rui e sentou-se, entusiasmado, com o CiclismoAtual, o CyclingUpToDate e a
TopCycling para falar daquela que tem sido a melhor época da carreira.
“Dizem-me, ganhaste quatro, mas a da Romandia… 0,2 [segundos], num piscar de
olho…”.
Apesar dos triunfos, talvez o
que mais lhe ficou na memória foi ter roçado a primeira vitória no World Tour.
Na Volta à Romandia, em grande forma, foi segundo no prólogo, atrás de Sam
Watson (INEOS Grenadiers), por 0,2 segundos. Teria sido um triunfo transformador
para ambos, mas a moeda caiu para o lado do britânico. “Ele é um bom corredor e
podia ganhar, mas daquela forma, fui eu que a perdi”.
Nas semanas anteriores, porém,
abriu caminho ao sucesso no Giro d’Abruzzo, atacando na chegada em alto a Penne
para uma vitória solitária de classe. O nível estava alto e confirmou-o com um
segundo triunfo na quarta e última etapa da corrida italiana, dessa vez na fuga
e, num final semelhante, batendo o ex-colega Sjoerd Bax ao sprint.
Deixou de
ser o miúdo que só trabalha, agora também decide
Em Ourém, que recebeu um final
de etapa da Volta a Espanha 2024, sagrou-se campeão nacional, envergando agora
as cores de Portugal na equipa WorldTour com mais corredores da nação ibérica.
Este salto de forma valeu-lhe uma chamada inesperada para a Volta a Espanha,
onde ajudou João Almeida a ser segundo na geral e foi ele próprio quinto no
exigente contrarrelógio final ganho por Filippo Ganna.
“Sente-se uma aura diferente,
uma motivação diferente, já não sou aquele miúdo que só trabalha e trabalha,
agora também ganho”, destaca. Sem lesões a travá-lo, mantém-se bem colocado e
quer continuar a subir o nível na próxima época.
“Quero ganhar o prólogo na
Austrália (Tour Down Under) e a Boucles [de la Mayenne]”. No Down Under, onde
inicia a época, corre sob condições diferentes: todos farão o prólogo na
bicicleta de estrada. “Se fosse na bicicleta de contrarrelógio dizia-te já que
fazia Top 3, mas na de estrada não sei, a sensação é diferente. Na de
contrarrelógio curvo bem, o guiador é mais baixo e estás mais perto do chão.
Toda a gente curva melhor com a de estrada, mas eu curvo melhor com a de
contrarrelógio”.
E traça uma meta ambiciosa
numa corrida menor do calendário, a referida Boucles de la Mayenne, em França.
“Se mantiverem o prólogo é bom para mim, já conheço aquelas curvas todas, já
ganhei um ano (2023) e noutro fui segundo atrás…”, diz, apontando por um
instante para Benoît Cosnefroy, sentado por perto e agora seu colega de equipa.
Numa equipa em crescimento
constante e que não pára de integrar novos talentos, já não chega a Rui e Ivo
Oliveira invocarem juventude e potencial para garantir lugar na UAE. Têm de
corresponder, e ambos parecem ter abraçado o desafio, cumprindo aquilo que
muitos esperavam que alcançassem há anos.
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