terça-feira, 12 de setembro de 2017

“Última hora…”

POR UMA GESTÃO DA CARRIS MAIS INCLUSIVA

A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) tomou conhecimento da iniciativa “Pedala com a Carris” a realizar no dia 17 de Setembro de 2017, através das redes sociais. Saudamos esta acção, pese embora a FPCUB não tenha sido envolvida. Mais aproveitamos esta ocasião para verificar a falta de articulação que a Carris demonstra ao não envolver a sociedade civil, os trabalhadores da própria empresa e os demais utilizadores de bicicleta, com quem a FPCUB tem vindo a trabalhar no sentido de contribuir para uma saudável convivência ao longo dos anos. Como é do vosso conhecimento, tem existido diversos registos que justificam a oportunidade de melhoria do serviço que a Carris presta aos seus utentes e à cidade de Lisboa. Parte desses serviços, são do nosso conhecimento e monitorização, dada a relação privilegiada que a FPCUB tem mantido, tanto com trabalhadores e sucessivas administrações da Carris, assim como com o crescente número de utilizadores de bicicleta em Lisboa. Esta desarticulação, na qual não nos revemos, resulta por exemplo no desenvolvimento desta iniciativa que V. Exas. Promovem, no mesmo dia (e em concorrência) com o evento da FPCUB “Bicla Fest / Lisboa Ciclável” promovido desde o ano 2000, em estreita articulação com a Câmara Municipal de Lisboa. Tendo sido a Carris convidada na pessoa do seu Presidente Tiago Farias, (convite ao qual a Carris não se dignou a responder), esta atitude leva-nos a concluir que a Carris ou está a agir de má-fé ou está a exercer as suas actividades em total desrespeito pelo trabalho da sociedade civil. Apesar desta forma de gestão a FPCUB está, como sempre esteve, disponível e interessada para contribuir para a melhoria da mobilidade urbana em Lisboa, tendo aliás, recebido várias propostas de utilizadores de bicicleta da Carris, que muito contribuiriam para os objectivos que agora a Carris se propõe. Este conhecimento e experiência que aparentemente a Carris está a desconsiderar leva-nos a reforçar algumas das necessidades pelas quais temos vindo a pugnar: 1. Ensinar (a quem não souber) os funcionários, condutores e seus familiares a andar de bicicleta e a utilizarem a bicicleta em meio urbano; 2. Voltar a formar e sensibilizar condutores para a interação com os utilizadores de bicicleta na via pública; 3. Pôr em prática, em Lisboa, um método usado no Brasil, que consiste em colocar condutores de autocarros e viaturas pesadas numa fila de bicicletas fixas (estáticas) para que estes experienciem a sensação de serem ultrapassados à tangente por viaturas de grande porte, comuns no dia-a-dia na cidade de Lisboa, e cujos relatos nos têm chegado; 4. Concretização de Bike Meeting Carris / FPCUB promovendo a partilha informal de experiências. Concluindo, reitera-se à Carris a necessidade de mudança de posição, tendente a uma partilha de utilização de faixas BUS, não apenas por motociclos mas também de velocípedes, sendo este, nalguns casos, um factor de segurança acrescida para os atuais utilizadores de bicicletas, tal como para potenciais utilizadores que venham a contribuir para a alteração da repartição modal. Como sabemos, com o início do Sistema de Bicicletas Partilhadas promovido pela Câmara Municipal de Lisboa através da EMEL, potenciará um número crescente de utilizadores de bicicleta na via pública e cuja segurança rodoviária, condução defensiva urge acautelar.

A propósito deste e outros temas que abordámos, aproveitamos para juntar um excerto de reclamação apresentada a essa empresa e que justifica uma gestão mais inclusiva dessa empresa, que não ignore este conhecimento prático acumulado ao longo de anos na utilização da bicicleta e transportes públicos em Lisboa:

“Razia seguida de tentativa de atropelamento por condutor da Carris Dia 2 de Fevereiro de 2017, por volta das 9:20 da manhã, o condutor do autocarro Carris com a matrícula 63-HX-33, a circular na Av. de Berlim, tendo saído da Gare do Oriente, colocou-se atrás de mim, junto ao AKI, indo eu a circular de bicicleta, na faixa do meio, deixando a faixa do BUS à direita livre, bem como a faixa da esquerda igualmente livre. Eu pretendia seguir em frente e estava na posição correcta. O autocarro queria virar à direita, nos semáforos que cruzam a AV. Infante D. Henrique e que estavam com o vermelho aceso. O condutor do autocarro começou a buzinar de forma ameaçadora atrás de mim e de seguida ultrapassou-me pela esquerda, mas não o fez usando a faixa livre da esquerda, fê-lo muito próximo de mim, assustando-me e quando estava ao meu lado, começou a virar o autocarro para a direita, para me tentar atingir, com elevado risco de atropelar ou fazer cair. Fiquei completamente atónito com esta tentativa completamente inesperada de agressão física, que seria consumada, se não tivesse reagido prontamente. Nos semáforos, que continuavam com o vermelho aceso, coloquei-me ao lado do autocarro para confrontar o motorista e este apenas demonstrou que praticou aquele acto de forma deliberada e intencional, sem qualquer respeito pela minha vida, que acabara de colocar em elevado risco, com duas faixas completamente livres para circular. Faço esta avenida todos os dias de bicicleta, há cerca de 6 anos, para deslocações de trabalho ou levar os meus filhos à creche e nunca me aconteceu tal coisa. Levar uma razia dum autocarro de várias toneladas, seguida duma tentativa de abalroamento / atropelamento, é uma agressão demasiado grave para deixar passar em branco. Sei que a Carris prima por outros valores e que esta atitude não é digna dum vosso condutor.”

Somos da posição que a Carris tem um enorme valor acumulado ao longo dos anos e é peça fundamental para um futuro de mobilidade sustentável da cidade de Lisboa, contudo, deve rever esta prática agora iniciada, ouvindo e envolvendo a sociedade civil, aproveitando o conhecimento que os utilizadores de bicicleta têm, sobretudo, tendo em conta que pelo menos cerca de 30 associados da FPCUB são condutores da Carris. Os condutores associados e outros membros da FPCUB, formaram ao longo dos últimos dez anos, mais de 850 pessoas, a aprender a andar de bicicleta e saber circular na via pública, em cursos organizados pela FPCUB e pela Câmara Municipal de Lisboa, estando a decorrer nos dias 9, 16 e 23 de Setembro, mais uma edição, também por ocasião da Semana Europeia da Mobilidade. Estamos certos que as relações FPCUB – Carris retomarão o seu curso normal com as actividades previstas supra citadas.

Lisboa, 12 de Setembro de 2017

A Direcção FPCUB

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