quarta-feira, 17 de setembro de 2025

"Respeito os manifestantes, mas as pessoas também devem respeitar a profissão dos ciclistas" Marc Madiot elogia "resposta refrescante" do pelotão aos protestos na Vuelta”


Por: Miguel Marques

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Marc Madiot, diretor da Groupama - FDJ, lançou um apelo a um maior respeito pelos ciclistas na sequência dos protestos pró-palestinianos que marcaram a Volta a Espanha 2025. Para o francês, de 64 anos, as manifestações podem e devem ter o seu espaço, mas não à custa da integridade da competição e da segurança do pelotão.

Em declarações ao Cyclism’Actu, Madiot reconheceu que a visibilidade do ciclismo torna-o particularmente vulnerável a ações deste tipo, pela natureza aberta da estrada. Ainda assim, sublinhou que os ciclistas não podem ser usados como instrumentos numa luta política.

"O ciclismo está muito exposto porque é praticado na via pública. Respeito os manifestantes, quaisquer que sejam os seus objetivos, mas as pessoas também devem respeitar a profissão dos ciclistas", afirmou. "É possível protestar sem bloquear uma corrida. Ver bandeiras palestinianas na berma da estrada não me incomoda, mas não deve tornar-se um meio de perturbação permanente. Os ciclistas não deviam ter de suportar isso. Respeitemo-nos uns aos outros".

 

Debate sobre segurança e liberdade de expressão

 

As palavras de Madiot surgem depois de uma edição da Vuelta marcada por neutralizações e cancelamentos, incluindo a 21ª etapa em Madrid, interrompida de forma abrupta. O episódio reabriu o debate sobre a forma como a UCI, os organizadores e as autoridades espanholas devem lidar com este tipo de situações

Vários ciclistas, entre eles Michal Kwiatkowski, criticaram abertamente a falta de medidas eficazes de segurança, deixando no ar a sensação de que o pelotão esteve demasiado exposto. Madiot preferiu adotar uma postura conciliadora, procurando equilibrar direitos fundamentais com a realidade da profissão: "Cada um tem a sua opinião, mas eu prefiro pensar em como conciliar a liberdade de expressão com o respeito pelo trabalho dos ciclistas", disse.

A resposta "refrescante" do pelotão

 

Apesar do caos, o francês destacou a forma como as equipas e os corredores reagiram, elogiando em particular a cerimónia improvisada que substituiu o pódio oficial em Madrid.

"Achei-o refrescante", comentou. "Os ciclistas e as equipas mostraram uma boa atitude perante a situação. Foi uma pequena mensagem: houve uma perturbação, mas somos capazes de continuar a corrida. Um protocolo improvisado, mas que fazia sentido".

Essa adaptação de última hora, feita em hotéis e parques de estacionamento, acabou por simbolizar a resiliência do pelotão face a uma edição da Vuelta constantemente interrompida.

 

O balanço da Groupama – FDJ

 

No plano desportivo, Madiot fez questão de realçar os aspetos positivos da campanha da sua equipa em Espanha, embora não tenha escondido algumas frustrações.

"Há razões para estarmos satisfeitos: uma vitória de etapa, uma camisola de líder, bons desempenhos dos nossos jovens ciclistas", afirmou. "Lamentamos a queda de Guillaume Martin-Guyonnet logo no primeiro dia, que nos prejudicou muito na classificação geral. O ponto negativo é David Gaudu, que não conseguiu fazer o seu trabalho na segunda metade da corrida. Mas, no geral, a equipa funcionou bem. O David mostrou que, com consistência, pode bater os melhores, por isso vamos continuar a trabalhar nesse sentido".

Madiot confirmou ainda que Guillaume Martin já retomou os treinos após a lesão sofrida na etapa inaugural, destacando a sua importância para as ambições da equipa na montanha. Quanto a David Gaudu, deixou um aviso claro:

"A sua época foi de paragem. É urgente para ele recomeçar com bases claras e saudáveis durante o inverno. A temporada de 2026 começa agora: ele deve recondicionar-se mental e fisicamente para atuar no próximo ano".

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“"O ciclocrosse torna-se cada vez mais difícil de conciliar" Treinador de Tom Pidcock admite que há que reformular o calendário depois do pódio na Vuelta”


Por: Miguel Marques

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A ascensão de Tom Pidcock como candidato sério a uma grande volta trouxe novas incertezas sobre o seu futuro imediato no ciclocrosse. O britânico de 26 anos viu o seu treinador belga, Kurt Bogaerts, admitir que as exigências do calendário de estrada deixam cada vez menos espaço para a disciplina que ajudou a lançar a sua carreira.

Pidcock, que terminou em 3º lugar na geral da Volta a Espanha 2025, mostrou em Espanha uma nova dimensão do seu talento. Conhecido sobretudo como corredor para clássicas de um dia e vitórias explosivas em etapas, revelou um nível de consistência em três semanas que poucos esperavam, sobrevivendo às grandes montanhas com os melhores trepadores e limitando perdas nos contrarrelógios. Apenas Jonas Vingegaard e João Almeida ficaram à sua frente, e o pódio despertou inevitáveis comparações com Geraint Thomas, outro britânico que se transformou de especialista em clássicas e gregário em líder de Grandes voltas.

Esse desempenho de peso alterou inevitavelmente o debate sobre o seu programa. Em vez de preparar mais um inverno na lama, Pidcock pondera agora reduzir o foco e dar a si próprio a melhor plataforma possível para evoluir como candidato credível à classificação geral. Para a Q36.5, que ainda procura wildcards para o World Tour de 2026, o seu valor como corredor de voltas por etapas tornou-se subitamente indispensável.

"O ciclocrosse torna-se cada vez mais difícil de conciliar", explicou Bogaerts ao Wielerflits. "O Tom começou a correr em janeiro, no AlUla Tour, e vai continuar até à Lombardia. Isso faz com que a época seja muito longa. Corredores como o Mathieu van der Poel e o Wout van Aert conseguem terminar as suas épocas mais cedo, e isso dá-lhes tempo para descansar. O Tom continua a competir mais tarde no ano e, nessa altura, o ciclocrosse torna-se cada vez mais complicado de encaixar".

 

Um equilíbrio de prioridades em mudança

 

Pidcock tem vindo a reduzir gradualmente os compromissos no ciclocrosse, correndo apenas de forma esporádica em 2023-24, antes de abdicar por completo na última época para se concentrar na Q36.5. Nessa altura, deixou no ar a ideia de regressar no inverno seguinte, mas a sua trajetória entretanto mudou.

Campeão olímpico de BTT, Pidcock sempre conseguiu conciliar várias disciplinas, mas Bogaerts sugere que o calendário de estrada e a pressão crescente das corridas por etapas começam a definir o programa do britânico. "A certo ponto tens de descansar", admitiu o técnico

Os Mundiais de Ciclocrosse de 2025, em Hulst, poderiam ser um objetivo, mas Bogaerts duvida até dessa possibilidade. "Podias talvez fazer duas ou três corridas em janeiro ou fevereiro, mas depois ficas sem pontos UCI, terias de partir lá atrás e estarias praticamente condenado a um mau arranque. Isso está longe de ser o ideal".

 

BTT continua a ter peso olímpico

 

Se o ciclocrosse parece cada vez mais em risco, o BTT mantém espaço no calendário de Pidcock. Apesar de ter falhado os Mundiais da modalidade no início de setembro devido à sua presença na Vuelta, Bogaerts acredita que o BTT continuará a ser parte do plano com vista a Los Angeles 2028. "O BTT significa mais para ele. Encaixa-se mais facilmente dentro da época de estrada, desde que as viagens sejam limitadas. A caminho dos próximos Jogos Olímpicos, isso poderá voltar a tornar-se um foco maior".

 

Entre a estrada e a lama

 

Conciliar disciplinas sempre foi uma das marcas de Pidcock, mas com o seu estatuto de candidato a pódio em Grandes Voltas cada vez mais evidente, os compromissos são hoje mais claros. O pódio em Espanha catapultou-o para um novo patamar de expectativas e, com as exigências do calendário de três semanas, é difícil imaginar um regresso em pleno ao ciclocrosse a curto prazo.

Por agora, a dúvida mantém-se: será que alinhará em Hulst ou em qualquer outra corrida desta temporada de cross? A resposta continua em aberto, mas cada vez mais improvável.

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“"Nunca senti tanto ódio. Já não havia qualquer tentativa de chamar a atenção para uma causa" Richard Plugge sobre os protestos na Volta a Espanha”


Por: Miguel Marques

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Richard Plugge fez uma avaliação dura das manifestações pró-palestinianos que marcaram a Volta a Espanha 2025, sublinhando que aquilo que começou como protesto político acabou por descambar em atos de violência que ultrapassaram largamente os limites aceitáveis no desporto.

Durante as celebrações de Jonas Vingegaard, campeão da geral, no início da semana, o diretor-geral da Team Visma | Lease a Bike admitiu ter ficado chocado com a intensidade e a escala dos acontecimentos, que levaram ao encurtamento ou cancelamento de quatro etapas, incluindo a 21ª e última jornada em Madrid.

"Nunca senti tanto ódio", disse Plugge em declarações ao Wielerflits. "Já não havia qualquer tentativa de chamar a atenção para uma causa. Tratava-se apenas de destruição. Os ciclistas foram mesmo atacados. A certa altura, alguém foi arrastado da sua bicicleta. Para mim, a UCI deveria ter intervindo muito mais cedo para dar mais apoio à corrida".

 

Uma Vuelta marcada pelo caos

 

A edição de 2025 já entrou para a história como uma das mais turbulentas de sempre. Os manifestantes bloquearam estradas, invadiram o pelotão e desfraldaram bandeiras palestinianas em várias etapas, obrigando os organizadores a alterar percursos e a reforçar a segurança. O desfecho, com a neutralização da etapa final na capital espanhola, deixou um vazio simbólico e uma conclusão sem precedentes para uma grande volta de três semanas.

Embora, no início, algumas vozes no desporto tenham mostrado simpatia pelo direito ao protesto, a escalada de agressividade - ciclistas empurrados, veículos vandalizados e quedas provocadas deliberadamente - endureceu o sentimento no seio do pelotão. As declarações de Plugge refletem um consenso crescente entre diretores desportivos e equipas: a fronteira entre protesto e violência foi claramente ultrapassada.

 

"Isto ultrapassou o desporto"

 

Ainda assim, o dirigente da Visma acredita que a imagem do ciclismo não ficará irremediavelmente comprometida. "Isto foi quase algo que ultrapassou o desporto. Aconteceu algo em Espanha. Normalmente, as manifestações são realizadas com respeito pelo ciclismo, e espero que seja esse o caso novamente nas últimas corridas da temporada", afirmou.

As palavras de Plugge surgem num contexto em que o debate já transcende as estradas: a defesa dos protestos pelo próprio Governo espanhol abriu uma discussão política de maior amplitude. Federações nacionais, equipas e a própria organização da Vuelta exigem agora da UCI protocolos mais claros e rígidos para lidar com situações semelhantes no futuro.

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