sexta-feira, 13 de novembro de 2020

“Iuri Leitão: «Estou muito feliz, é uma sensação que nunca imaginei sentir»”


O português sagrou-se, esta quinta-feira, campeão de scratch nos Europeus de ciclismo de pista

 

Por: Lusa

Foto: EPA

O português Iuri Leitão, que esta quinta-feira se sagrou campeão de scratch nos Europeus de ciclismo de pista, disse à agência Lusa que está "muito feliz" e se sente "realizado" com um ouro inédito para o país.

"Estou-me a sentir realizado. Estou muito feliz, é uma sensação que nunca imaginei sentir. É o culminar de um trabalho de meses, meu e da seleção. Fico muito feliz de conseguir levar este ouro para Portugal. Espero deixar toda a gente orgulhosa. O desenrolar da prova, o pódio, o hino... foi maravilhoso", contou o ciclista português.

Leitão, de 22 anos, é o campeão nacional desta especialidade e conseguiu o título europeu, um feito inédito para Portugal nestes campeonatos, ao dar uma volta de avanço ao pelotão, o que contribuiu para o ouro.

O português bateu o ucraniano Roman Gladysh, segundo classificado, e o britânico Oliver Wood, terceiro, menos de uma hora antes de Maria Martins ganhar o bronze na eliminação, elevando para três as medalhas portuguesas na prova em Plovdiv, Bulgária.

Sobre a prova, uma corrida de 60 voltas que pode ser decidida ao 'sprint', mas no qual um ou mais ciclistas se podem destacar ao darem uma volta de avanço ao pelotão, o português admite que a estratégia de 'dobrar' o grupo principal, a 25 voltas, foi decisivo, mas nem por isso o acalmou.

"Na pista, [25 voltas] é muita coisa. Por mais que soubesse que tinha uma boa vantagem, tinha sempre receio que me acontecesse alguma, que um grupo conseguisse dar a volta e não conseguisse responder. Nunca queremos acreditar, até ao final, com medo de algum azar ou desilusão", revelou.

Neste "ano muito atípico, sem competição durante vários meses", admitiu que esta oportunidade, assim como os Europeus sub-23 em Itália, nos quais logrou três medalhas de prata, eram "todo o foco" do que restava do ano.

"Foquei todo o meu trabalho nisto, para estar aqui e mostrar o meu valor, tentar mostrar quem sou. Tinha esperança que alguém visse e desse valor. Era a última oportunidade de mostrar o que posso fazer, e aproveitei", atirou.

Na sexta-feira, no omnium, "não há nenhum objetivo" definido. "Vou tentar ser bastante regular e fazer o melhor que posso", disse o ciclista, que pode completar um trio de medalhas, depois de já ter conquistado a prata na eliminação na quarta-feira.

O ciclista de Viana do Castelo explicou ainda que é "bastante importante" ter conseguido um resultado de destaque para Portugal num ano em que, na pista, Maria Martins se tornou a primeira portuguesa a chegar a uns Jogos Olímpicos nesta modalidade, João Almeida foi quarto na Volta a Itália e Ruben Guerreiro venceu a classificação da montanha desse Giro, outros três resultados inéditos no ciclismo nacional.

"Este ano está a ser inédito, muito bom para todos nós. Ver os portugueses brilhar e com grandes resultados até nos dá mais motivação para trabalhar", comentou.

Citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo, o selecionador português, Gabriel Mendes, falou em "um orgulho muito grande" na prova de Iuri Leitão, pela "excelente gestão do esforço e uma fantástica leitura de corrida". "Fez-se história", resumiu.

Já Maria Martins explicou à Lusa que o bronze na eliminação, "depois do ano complicado para todos", deixa-a "feliz", numa corrida "muito especial".

"Tive um ano muito complicado, com muito pouca corrida, e senti bastante a falta de ritmo, ao contrário de algumas adversárias que chegaram aqui com outro andamento, correram na estrada", lembrou.

Ainda assim, este bronze sabe ainda melhor, explicou, por "poder vivenciar" o dia em que Iuri Leitão foi campeão da Europa.

Depois de um 10.º lugar no scratch, na abertura do Europeu, numa especialidade em que já tinha conseguido bronze no campeonato da Europa de 2019 e, no início de 2020, nos Mundiais, a atleta apurada para Tóquio2020, adiado para 2021, explicou que chegou a esta prova "sem grande pressão".

"As coisas não correram como queria no scratch, mas a corrida é mesmo assim. (...) O omnium [que vai disputar na sexta-feira] será diferente, com quatro provas. É muito dura, vai ser corrida a corrida", explicou a atleta de 21 anos, que dedicou o bronze a quem a apoiou em 2020.

'Tata', como é conhecida no mundo do ciclismo, chegou à sétima medalha em Europeus, um registo que se estende aos escalões juniores, e será, em Tóquio2020, a primeira representante da história olímpica de Portugal no ciclismo de pista.

Os Europeus de pista de Plovdiv prosseguem até domingo, com Leitão, Martins, e os irmãos Ivo e Rui Oliveira em prova.

Fonte: Record on-line

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