segunda-feira, 6 de abril de 2020

"O treino dos atletas em confinamento, um conselho da Federação Triatlo Portugal”

Que medidas devem seguir os triatletas em isolamento social?

Os triatletas enquadrados no alto rendimento adaptaram-se às novas circunstâncias da pandemia que também afetou Portugal. Desde a declaração do estado de emergência e o adiamento dos Jogos Olímpicos que o trabalho em grupo terminou e os atletas passaram a treinar maioritariamente em casa. Também os atletas grupos de idade e outros que habitualmente seguem uma rotina de exercícios alteraram a sua rotina de treinos.

A COVID-19, de acordo com os dados atuais, transmite-se de igual forma entre pessoas de todos os escalões etários, capacidade física e independentemente das doenças pré-existentes. O problema dos chamados ‘grupos de risco’ é o grande aumento da probabilidade de progressão para doença grave. Por exemplo, um jovem atleta de 20 anos, quando infetado com o coronavírus, tem menos probabilidade de ter uma pneumonia grave, do que o seu avô, de 80 anos, com hipertensão. Ou se for o caso de um atleta veterano com diagnóstico de asma, imunodeprimido, com hipertensão, ou diabetes, apesar de poder estar em boa forma física, continuará a pertencer a um grupo de risco.

De qualquer forma, os atletas têm geralmente uma probabilidade inferior de desenvolverem sintomas graves se estiverem infetados com COVID-19, quando comparados com a população em geral, podendo mesmo ser assintomáticos. Mas, segundo Nuno Piteira, médico da Federação de Triatlo de Portugal, devemos ter em conta que «mesmo os atletas de Alto Rendimento, quando expostos a sessões com muita carga aguda de treino, com um grande stress fisiológico, poderão estar temporariamente com o seu sistema imunitário deprimido, e, portanto, mais suscetíveis de desenvolver formas graves da doença. É, também, por isso fundamental que, além de adaptar o treino às novas contingências, se mantenha uma alimentação e hidratação adequadas».

Quanto ao treino, os triatletas de alto rendimento tiveram, tal como as outras pessoas, que se adaptar a esta nova fase. Sendo o triatlo composto por três segmentos implica uma gestão dos treinos mais complexa: na primeira fase, com as piscinas fechadas, os atletas não tinham onde treinar natação exceto no mar, tendo reduzido alguns treinos na estrada principalmente de ciclismo. A situação alterou-se rapidamente com a declaração do Estado de Emergência do país e o anúncio do Comité Olímpico Internacional do adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021.  Neste contexto, os atletas passaram a viver uma fase totalmente nova, reajustando os treinos à realidade possível. «Com o adiamento dos Jogos Olímpicos houve grandes alterações no treino que neste momento está vocacionado para manter os atletas saudáveis e em boa condição física, esquecendo picos de forma que deixaram de fazer sentido nesta fase», diz Lino Barruncho, técnico da Federação de Triatlo de Portugal.

Os atletas treinam isolados, o mais possível indoor, contactando à distância com a equipa de treinadores, médicos e nutricionista. Pedro Leitão, técnico da FTP, explica que depois de um momento a treinar o máximo possível, e antes de perceber as reais repercussões do COVID 19, «os atletas de alto rendimento estão agora a passar por uma fase de transição onde treinam com menor volume e intensidade, para aumentar gradualmente e preparar a fase de pré-competição».

O técnico afirma que neste período o objetivo é ‘não fragilizar o sistema imunitário’, com o foco num treino de manutenção, nas horas de sono e alimentação. «Os treinos são realizados quase totalmente indoor, adaptando o treino às possibilidades de cada atleta, utilizando rolos ou trabalho de elásticos, por exemplo.» Leitão diz que este é um período de espera até se perceber quando regressarão as competições nacionais e internacionais de modo a poder regressar aos treinos com normalidade.

As orientações dos treinadores são claras, refere Lino Barruncho: ‘neste momento, o importante é os atletas manterem-se ativos, mas saudáveis, com uma nutrição equilibrada e flexibilidade do plano de treinos que é realizado à distância e adaptado às condições de cada um’.  A prioridade nesta fase é manter um sistema imunitário forte, com especial atenção à alimentação e suplementação. «Não sabemos as consequências deste vírus caso consiga entrar nos pulmões de um atleta deste nível, o que nos leva a proteger os atletas o mais possível».

Joana Romão, Estagiária de Nutrição da Federação de Triatlo de Portugal, refere que nesta fase o atleta deve ter especial cuidado na manutenção de uma ingestão nutricional adequada às suas necessidades diárias. Desta forma fornecerá a energia e substratos que o seu sistema imunitário necessita para combater as agressões do meio e evitar “janelas-abertas” para outras doenças. «Combater o COVID 19 só é possível através do isolamento social, prevenção, e adoção de medidas higiene e etiqueta respiratória; a nutrição não cura, mas pode ajudar a fortalecer o sistema imunitário».


Como devemos treinar?

Nuno Piteira afirma que o ‘plano de treino para fazer em casa deverá ser sempre ajustado com o treinador, e adaptado às condições existentes. Alguns triatletas têm smart trainers , passadeiras e autênticos ginásios em casa, o que facilita uma boa rotina de treino e manutenção da capacidade física.’

Para outros atletas, com pouco equipamento, ou menos espaço físico disponível para treinar, é preciso arranjar alternativas mais criativas, com exercícios com o peso do próprio corpo, e ponderar saídas pontuais ao exterior, para corridas de curta duração.

É também fundamental reduzir os períodos de inatividade. «É importante que os atletas mantenham as suas rotinas de treino e descanso, mas que se mantenham ativos em casa durante o resto do dia, não estando sentados ou deitados por períodos superiores a uma hora», esclarece Nuno Piteira. Cada um pode criar estratégias como a realização de tarefas domésticas, alterações frequentes do local de estudo, leitura ou trabalho, ou ainda realizar programas de mobilidade articular e ginástica laboral que se encontram neste momento amplamente divulgadas.


Devem restringir-se os treinos outdoor

Neste momento, o principal perigo do treino ao ar livre é a propagação do vírus. Se não for possível garantir que os atletas estão completamente isolados durante o treino, sem se cruzarem com outras pessoas, não é aconselhável o treino outdoor.

Não é possível aplicar a distância recomendada de 1,5 a 2 metros durante um treino de corrida ou ciclismo, já que a frequência e volume respiratório são maiores e os atletas tossem ou levam mais vezes as mãos à cara. Desta forma, em circuitos frequentados por outras pessoas, não é possível garantir que os atletas não se infetem, ou que não infetem alguém (já que poderão estar infetados e assintomáticos).

Com o avançar desta pandemia, à semelhança do que assistimos noutros países, os serviços de saúde vão ficando assoberbados e incapazes de dar resposta a situações que anteriormente seriam simples de resolver. «Torna-se assim fundamental prevenir também os acidentes, e sabemos que a maior parte deles acontecem em treinos ao ar livre», afirma Nuno Piteira.

Fonte: FTP

Sem comentários:

Enviar um comentário

Ficha Técnica

  • Titulo: Revista Notícias do Pedal
  • Diretor: José Manuel Cunha Morais
  • Subdiretor: Helena Ricardo Morais
  • Periodicidade: Diária
  • Registado: Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº: 125457
  • Proprietário e Editor: José Manuel Cunha Morais
  • Morada: Rua do Meirinha, 6 Mogos, 2625-608 Vialonga
  • Redacção: José Morais
  • Fotografia e Vídeo: José Morais, Helena Morais
  • Assistência direção, área informática: Hugo Morais
  • Sede de Redacção: Rua do Meirinha, 6 Mogos, 2625-608 Vialonga
  • Contactos: Telefone / Fax: 219525458 - Email: josemanuelmorais@sapo.pt noticiasdopedal@gmail.com - geral.revistanoticiasdopedal.com