segunda-feira, 7 de agosto de 2023

“Campeonato do Mundo de Ciclismo 4º dia ciclismo de pista”


Iúri Leitão conquista título histórico

 

Por: José Carlos Gomes

O português Iúri Leitão conquistou este domingo o título mundial de omnium, no Velódromo Sri Chris Hoy, em Glasgow, Escócia. É a primeira medalha de ouro do ciclismo de pista nacional em Campeonatos do Mundo de Elite.

O corredor português entrou autoritário no concurso de omnium. No scratch, primeira prova pontuável, Iúri Leitão esperou pelo momento certo, perto do final, para desferir um ataque que lhe deu cerca de meia-volta de vantagem, que ninguém conseguiu fechar, tendo o português sido o primeiro.

Na corrida tempo o resultado foi o mesmo, mas o modus operandi foi o inverso. Atacou logo no início, foi somando pontos a cada volta e, quando já tinha amealhado doze, concluiu a dobragem ao pelotão para somar mais vinte e, assim, garantir uma margem que lhe deu o triunfo também nesta prova.

Seguiu-se a eliminação, na qual o corredor da Seleção Nacional também esteve ao melhor nível, conseguindo a segunda posição. Com este desempenho, Iúri Leitão chegou à decisiva corrida por pontos no topo da classificação geral, com 118 pontos e uma vantagem superior a 20 pontos sobre os adversários mais diretos.


A corrida por pontos foi muito atacada, mas Iúri Leitão reservou energias na primeira parte da prova, passando também ao ataque nos dois terços finais da corrida de 25 quilómetros. Segurou o primeiro lugar com inteligência tática e com capacidade física, conquistando a primeira camisola arco-íris de Portugal na categoria de elite na vertente de pista.

Iúri Leitão fechou o concurso de omnium com 187 pontos, mais dois do que o francês Benjamin Thomas e mais 14 do que o japonês Shunsuke Imamura, que também subiram ao pódio. “Ainda é difícil habituar-me à ideia de que conquistei a medalha mais importante do ciclismo de pista português, mas, sim tenho noção disse”, reagiu o corredor, momentos antes da subida ao pódio.

“As oportunidades apareceram nas duas primeiras corridas, porque estava no sítio certo à hora certa e tinha as pernas certas para fazer o que era necessário. Foram duas provas que foram simples por esse aproveitamento tático. A eliminação já foi mais exigente fisicamente e fiquei um pouco mãos ‘tocado’. A primeira metade da corrida por pontos foi a gerir as forças e as sensações, que não eram as melhores. Na segunda metade foi apostar tudo e deixar tudo na pista para trazer este título”, descreveu o novo campeão mundial de omnium.


O selecionador nacional revelou-se exultante com o resultado. “Acabámos de conquistar a medalha mais importante de todo o percurso que temos vindo a fazer até aqui. Um título na categoria absoluta, na disciplina olímpica de omnium e perante adversários do mais alto nível, de facto, é o ponto máximo dos nossos resultados”, afirma Gabriel Mendes.

O responsável técnico destaca ainda a importância do resultado para a qualificação olímpica, mas não admite festejos antecipados. “Este primeiro lugar coloca-nos numa excelente posição para abordarmos a segunda fase de qualificação, mas temos ainda mais três provas elegíveis para o ranking. Portanto, não gosto de fazer festejos antes do final. Temos de continuar a trabalhar com humildade, esforço e dedicação. Nesta disciplina como também no madison”, avisa o selecionador.

Ivo Oliveira foi o outro português em pista neste domingo e também teve um excelente desempenho. O gaiense estabeleceu a nova melhor marca nacional em perseguição individual, completando o contrarrelógio de quatro quilómetros em 4’06’’407, menos 297 milésimos do que o anterior máximo, que também lhe pertencia.

O registo de Ivo Oliveira foi conseguido na qualificação, o que lhe valeu aceder à corrida de disputa da medalha de bronze com o italiano Jonathan Milan. O transalpino conseguiu ser melhor na corrida decisiva, deixando Ivo Oliveira num excelente quarto posto, entre 27 participantes. O italiano Filippo Ganna ganhou a medalha de ouro graças a uma ponta final fora de série, relegando o britânico Daniel Bigham para o segundo posto.

“A qualificação foi muito boa. Depois dos dois que fazem tempos astronómicos, eu e o Milan estivemos a par. Na final só tinha de me focar em mim. Tive uma quebra no final, o que não permitiu chegar à medalha. Mas dei o meu melhor e, para o pouco trabalho que tenho de pista, foi muito bom. Estou muito orgulhoso do meu trabalho e do trabalho de todo o staff”, resumiu Ivo Oliveira.

Fonte: Federação Portuguesa Ciclismo

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