domingo, 17 de abril de 2016

“Exposição “Corridas de Bicicleta de Lisboa” na Faculdade de Motricidade Humana”

“As Corridas de Bicicleta de Lisboa” é o título da exposição que foi inaugurada ee sábado, às 14h30, no átrio principal da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, na Cruz Quebrada, Dafundo.

Um conjunto de onze painéis com fotografias e capas de diversas publicações do século XX recordam corridas como a Volta a Portugal, a Volta a Lisboa, o Porto – Lisboa e a Subida à Glória, a mostra estará disponível até 1 de maio, todos os dias, entre as 9h00 e as 17h00.

Porquê as Corridas de bicicleta de Lisboa?

Porque, desde que inventada a bicicleta, o espaço da cidade foi dos primeiros a ser investido, explorado e até alterado por esta nova tecnologia, primeiro associada ao lazer e, logo depois, à competição desportiva e ao transporte pessoal. Esta Exposição é dedicada apenas às corridas que foram e/ou são grandes eventos desportivos usando para o efeito o espaço publico. De fora ficam as corridas dos Velódromos que, só por si, dão mote a uma outra exposição.

A bicicleta e o ciclismo são, ainda e também, referenciais importantes quer pelo aproveitar da sua história e fazer dessas memórias um património de performance e turismo, quer pela vertente de risco associada (BTT, downhill, etc), mas, sobretu- do, há que olhar para a qualidade de vida diária e analisar a potencialidade do uso da bicicleta como riqueza de futuro, pela via de incremento da sustentabilidade – seja pela vertente da promoção da saúde pessoal e do próprio meio ambiente, seja pelos ganhos em autonomia das crianças e jovens menores de 18 anos, seja pela captação de novas áreas de intervenção ligadas à inovação e tecnologia.

Lisboa é historicamente a cidade das corridas de bicicleta. A cidade para continuar a ser um ícone desportivo tem de se tornar um ícone da mobilidade de bicicleta: eis o desafio para um novo itinerário, para uma outra corrida na qual todos estamos interessados em participar.

AS CORRIDAS DE LISBOA

Nesta Exposição irá encontrar um conjunto de painéis com reprodução das fotografias publicadas pela imprensa escrita da época em que são criadas as corridas. Cada uma das corridas tem um inédito: no caso da Volta a Lisboa, com a participação das mulheres – Oceana Zarco, assumidamente ciclista e equipada como os homens da sua equipa Vitória de Setúbal e, vestidas de modo usual, as outras participantes – como se vê na foto principal deste site; no caso do Lisboa-Porto o facto de ser a corrida de um dia mais longa que existia e, por isso mesmo, foi extinta pela UCI, virtude que passou agora para o Paris – Roubaix; a Volta a Portugal em bicicleta, é um evento que há 90 anos percorre o país por inteiro; e, por último, a Corrida da Glória cuja disputa cronometrada data de 1913 foi re-editada em 2013 como corrida popular aberta a toda a população com a virtude de ser a corrida mais íngreme e curta do quadro competitivo.

A VOLTA A LISBOA

Fonte: O Sport de Lisboa, 15 de outubro de 1924, do arquivo do Museu Nacional do Desporto

Em 1924 realizou-se pela primeira vez a primeira Volta a Lisboa em bicicleta. Com esta competição marcam-se  e exploram-se os limites da cidade. A corrida organizada pelo jornal O Sport de Lisboa servirá a Raul Oliveira, jornalista deste periódico e promotor da disputa, como banco de ensaio para a realização da primeira Volta a Portugal em bicicleta a 1927, que no ano que vem celebra 90 anos de existência. Segue-se o mapa alegórico do ano em que completou o trigésimo aniversário:

A VOLTA A PORTUGAL EM BICICLETA

Fonte: Sport Ilustrado, do arquivo da BN

A bicicleta e o ciclismo em Portugal constituem, via competição desportiva, um raro potencial de memória, um manancial patrimonial a partir do qual se configuram identidades locais e identificações por parte das suas comunidades. A Volta a Portugal em bicicleta ilustra uma história de Portugal do último século. E, de igual modo, as corridas na cidade de Lisboa propiciam nas primeiras décadas do século XX um raro momento de descoberta da própria cidade – dos seus limites com a Volta a Lisboa, criada em 1925, das suas rampas íngremes, como a corrida da Subida da Glória, que data de 1913 e cuja recriação teve sucesso em 2013, das suas possibilidades de ligação entre cidades, como a clássica Porto-Lisboa, criada em 1911.

PORTO – LISBOA

Fonte: Ilustração Portuguesa, capa da edição de 7 de julho de 1923, do arquivo do Museu Nacional do Desporto

São estes grandes eventos desportivos que permitem imaginar o país por inteiro, como é o caso da Volta a Portugal que, com a publicação dos mapas, dá uma lição de geografia e, com a vontade de ilustrar o território, revela sentimentos de identidade e pertença. A reportagem de todas estas corridas tem, imbuída em si, a ambição de informar e também de exibir as belezas que atravessa e, muitas vezes, descrever a pobreza vivida nos maus caminhos que percorre, sentida nas gentes que espantadas se deslumbram com uma comitiva tão moderna nos modos de estar, de agir e de se transportar.

Em Lisboa as grandes rampas constituem desafios que interessa disputar como é o caso da Subida à Glória.

SUBIDA À GLÓRIA

Fonte: Eco Dos Sports, AnoI, n39, 1926, do arquivo do Museu Nacional do Desporto

Em Maio de 2013, aconteceu em Lisboa o Congresso Internacional da História do Ciclismo (ICHC 2013). No âmbito do programa desta Conferência realizou-se a corrida da Subida à Glória. Esta corrida aparece descrita na obra de Gil Moreira, segundo a qual a data primeiro registo cronometrado é de 1910 mas é em 1913 que a disputa se avoluma e depressa se torna numa das mais célebres corridas de Lisboa. Em 1926 Alfredo Luís Piedade ganha a Glória de um recorde de 55 segundos nunca, até hoje, batido.

A Subida à Glória é uma subida que Tristão da Silva tornou fado cantado, no qual não há glória merecida sem sacrifício suado e, perante esta sina, cabe ao ciclismo enfrentar e vencer a rampa de 265 metros com declive médio superior a 17%. Mas não há corrida sem festa nem euforia e eis que tamanha alegria é também prometida na Subida à Glória do próximo dia 17. Um frenesim que pode ser escutado na canção dos Rádio Macau dedicada ao elevador que liga a Baixa ao Bairro Alto, uma alegoria às ilusões da vida motivadas por subidas rápidas sem canseiras nem fadigas.

Em 2013, de modo festivo a história da corrida foi também uma forma de chamar a atenção para os problemas da cidade no presente. Ora, nas corridas há uma mise en scéne do esforço, da conquista do território, demonstrando que não há na cidade rampas que resistam à glória da bicicleta, nomeadamente se for eléctrica.

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