Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A 4ª etapa da Volta a França volta a trazer dificuldades, com muitas subidas curtas e explosivas perto da meta. Em Rouen, poderemos ter um final semelhante ao de ontem, em que Mathieu van der Poel venceu a etapa. Ele estará, mais uma vez, entre os favoritos, mas temos de estar sempre atentos a Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard, aos outros favoritos da classificação geral e também a alguns punchers. Fazemos a antevisão do 4º dia.
A segunda chegada numa pequena colina da corrida terá lugar em Rouen e é um final explosivo e emocionante. Os últimos 21 quilómetros têm quatro subidas, a última das quais a apenas 5 quilómetros do final, com 900 metros de comprimento e mais de 10% de inclinação. Os primeiros dois terços do dia são completamente planos, o que conduzirá a um final muito rápido, onde alguns sprinters, os ciclistas de clássicas e os ciclistas da geral darão o seu melhor.
Os últimos 30 quilómetros são complicados... 1,3Km a 9,2% (a 28Km da meta), 900 metros a 7% (a 20Km da meta), 1,8Km a 4,8% (a 12Km da meta) e 800 metros a 9,1% (a 5Km da meta) podem ser decisivos para o desfecho da etapa. Na realidade, estas subidas serão um aperitivo até ao prato principal, o último quilómetro, onde as rampas sobem para 17%. É tão difícil e próximo da meta, com uma descida rápida pelo meio, que qualquer ataque pode ser bem sucedido.
Existe um planalto após o
cume, o que significa que os ataques também podem ocorrer após o alto. Os
ciclistas da geral vão precisar de ser o mais fortes possível e vão atacar a
frente, mas alguns ciclistas de clássicas podem atacar durante e após a subida.
Se alguém tiver uma vantagem na descida, será muito difícil recuperar.
Se isso acontecer, o mais provável é que seja devido a uma ligeira subida que antecede a meta. Os metros finais são planos, mas não se trata de um sprint puro.
O Tempo
Mais uma vez, é bem possível
que chova um pouco no início da corrida e que depois seque. Mas o vento vai
soprar e este vai ser um dia muito, muito tenso! O vento soprará durante todo o
dia com bastante intensidade de noroeste, o que significa que os primeiros 100
quilómetros terão quase exclusivamente ventos cruzados em estradas bastante
abertas. Se houver equipas interessantes, as coisas podem aquecer muito cedo.
Nos últimos quilómetros, não será esse o caso, mas os momentos decisivos da
corrida serão já dentro da cidade de Rouen, pelo que os ciclistas não estarão
verdadeiramente expostos ao vento.
Favoritos
Depois do espetáculo dado na
2ª etapa, onde triunfou com uma demonstração de classe e sangue-frio, Mathieu
van der Poel volta a apresentar-se como o homem a bater num final que mistura
dureza e técnica na medida ideal para as suas características. Embora seja raro
apontar um único favorito numa chegada destas, o neerlandês da
Alpecin-Deceuninck parece atravessar um daqueles raros momentos em que tudo lhe
corre de feição - o chamado “pico Van der Poel”.
A sua vitória anterior foi
conseguida sem grande ajuda da equipa, algo que se deverá repetir, já que os
seus colegas dificilmente conseguirão controlar os ataques nos quilómetros
finais. Contudo, o nível de forma do campeão da Milan-Sanremo é tal que, se
conseguir levar a corrida agrupada até ao plano técnico dos últimos metros,
será extremamente difícil de bater. O único senão pode ser a inclinação mais
agressiva da subida, que poderá favorecer os trepadores, como Tadej Pogacar.
O esloveno da UAE Team
Emirates - XRGtem estado discreto até agora, pelo menos para os seus padrões.
Ainda não atacou, mas isso não significa falta de pernas. Pogacar sabe que não
precisa de mexer na corrida neste momento, mas se o fizer, tem capacidade para
seguir sozinho até à meta ou formar um pequeno grupo onde Van der Poel possa
estar ausente. Com o apoio de corredores como Tim Wellens ou Jhonatan Narváez,
os Emirates podem tentar endurecer a corrida nas subidas e partir o pelotão,
como já fizeram noutras ocasiões.
Jonas Vingegaard, por seu
lado, deverá continuar na defensiva, mas a Team Visma | Lease a Bike tem cartas
para jogar. Com Matteo Jorgenson como possível lançador de ataques e a
capacidade de Vingegaard para sprintar por segundos de bonificação, o final pode
revelar-se interessante para a formação neerlandesa. Já Remco Evenepoel,
provavelmente o mais imprevisível do grupo dos candidatos à geral, será uma
ameaça real se optar por atacar nos quilómetros finais e atenção que o campeão
olímpico já falou desta etapa. A sua motivação é evidente e a sua explosividade
pode ser a chave.
Outros nomes da luta pela
geral com aspirações legítimas a um movimento ofensivo são Santiago Buitrago,
Primoz Roglic, Florian Lipowitz, Mattias Skjelmose, Kévin Vauquelin e Oscar
Onley. A maioria só terá hipóteses se conseguir surpreender com um ataque bem
cronometrado, mas não se podem descartar.
Entre os
"puncheurs", a atenção vai, claro, para Julian Alaphilippe e Romain
Grégoire, que se mostraram em excelente forma em Boulogne-sur-Mer. Ambos têm a
capacidade de aguentar as subidas e disputar o sprint com um pelotão reduzido.
O mesmo se aplica a Simone Velasco e Aurélien Paret-Peintre, que terminaram no
top-10 da 2ª etapa e podem voltar a estar em destaque.
A lista de possíveis atacantes
de longa distância inclui nomes como Neilson Powless, Marc Hirschi e Quentin
Pacher, ciclistas com faro para movimentos certeiros e que podem beneficiar de
alguma desorganização no final.
O mais certo, contudo, é que a
corrida seja lançada com intensidade máxima logo antes da subida final, e que
os Emiratos, mais uma vez, sejam os principais responsáveis por essa seleção. O
objetivo? Reduzir o pelotão, evitar riscos e colocar Pogacar em posição ideal.
Isto praticamente elimina a possibilidade de sobrevivência dos sprinters puros.
Ainda assim, há exceções, como
Axel Laurance e Bryan Coquard, dois sprinters versáteis que sobem
suficientemente bem para sobreviver se o ritmo não for absolutamente insano. E
se tiverem um dia verdadeiramente inspirado, nomes como Wout van Aert, Vincenzo
Albanese ou Magnus Cort Nielsen podem também inserir-se na luta, embora o belga
da Visma ainda pareça estar à procura da sua melhor forma.
Previsão
para a 4ª etapa da Volta a França 2025:
*** Mathieu van der Poel,
Tadej Pogacar
**Romain Grégoire, Julian
Alaphilippe, Jonas Vingegaard
*Matteo Jorgenson, Remco
Evenepoel, Primoz Roglic, Florian Lipowitz, Kévin Vauquelin, Oscar Onley,
Neilson Powless, Aurélien Paret-Peintre, Simone Velasco
Escolha: Mathieu van der Poel
Cenário previsto: Ele pode
definitivamente vencer com um ataque tardio, uma vez que o final técnico lhe
assenta bem, mas penso que ele é suficientemente forte para cobrir os ataques
no final e vencer novamente num sprint em grupo reduzido.
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