Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O ciclismo indoor competitivo
é uma disciplina criada e desenvolvida de forma significativa nos últimos anos,
crescendo em popularidade, apoios e prémios monetários. Isso atraiu muitos para
a modalidade, mas também trouxe mais potencial para irregularidades e possível
doping. O recém-coroado campeão do mundo Jason Osborne apelou ao reforço das
medidas contra este problema.
Osborne voltou a sagrar-se
campeão do mundo no passado fim de semana, em Abu Dhabi, mas reconhece que a
disciplina ainda tem pontos a resolver. “Há um enorme potencial nos Esports,
mas, se o desporto quer ser levado a sério, os melhores atletas têm de ser
controlados durante todo o ano. Neste momento, a janela de controlo é curta e
isso dificulta manter tudo justo”, explicou em entrevista à Domestique.
O ex-ciclista da
Alpecin-Deceuninck tem sido consistente desde o primeiro título mundial em
2020, somando agora mais duas vitórias e subidas ao pódio em 2022 e 2023. Vê
melhorias nos procedimentos de controlo, mas não ao nível do ciclismo de
estrada. “É bom ver a saúde dos atletas protegida. As verificações de
equipamento são sólidas e a abordagem é transparente. Mas a justiça também
passa pelo antidopagem. Os Esports não podem depender de uma janela de testes
mais curta do que as disciplinas com as quais se querem comparar.”
“Essa janela curta não chega.
Os Esports têm qualificações abertas, o que é fantástico para a acessibilidade,
mas também significa que a maioria dos ciclistas não está sujeita a qualquer
controlo antidoping até chegarem às finais presenciais. Isso cria um
desequilíbrio.”
Existe também a questão da
pesagem, com relatos de ciclistas a usarem saunas pouco antes das provas para
perderem peso em água na pesagem e, assim, melhorarem a relação W/kg. No
entanto, isso também está a ser enfrentado: “Nos Esports pesa-se no mesmo dia,
por vezes cinquenta minutos antes. Se desidratas mais de um ou dois quilos,
prejudicas o teu rendimento. As comparações com cortes de peso no UFC não fazem
sentido. Em 2024 houve uma janela de pesagem de dez horas e, claro, as pessoas
procuraram ganhos marginais. É a mesma lógica de escolher a bicicleta mais leve
para um final em alto.”
“O desporto tem melhorado
muito todos os anos. A verificação de desempenho é mais robusta. A saúde dos
ciclistas está melhor protegida. Abre o ciclismo a mais gente. Só espero que a
UCI agora dê à antidopagem a mesma atenção que tem dado às verificações de
equipamento. Proteger a equidade é essencial se o desporto quer crescer.”
Mas o alemão, sem apontar
nomes, avisa que há figuras na disciplina que levantam sérias suspeitas: “Temos
visto ciclistas aparecerem do nada, sem passado na estrada, que de repente
conseguem igualar os melhores do mundo, ganhar prémios e depois desaparecer.
Isso é muito raro noutros desportos. Sublinha porque é essencial ter testes
mais robustos. Os atletas honestos não devem perder porque as estruturas não
são suficientemente fortes.”
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