Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
As Ilhas Canárias retiraram a
sua candidatura para acolher a Volta a Espanha de 2026, invocando preocupações
políticas ligadas à continuidade da antiga equipa Israel - Premier Tech no
pelotão profissional. As autoridades de Gran Canaria argumentam que a mudança
de nome prevista para a equipa e a alteração da nacionalidade de registo para a
próxima época não constituem uma transformação significativa.
A posição contrasta com a de
outras regiões, incluindo a Catalunha, que aceitou um arranque da Volta a
França após a confirmação do rebranding da equipa, e reacendeu o debate sobre o
lugar da estrutura Israel nas grandes provas de ciclismo.
As autoridades da Gran Canaria
apontam para a turbulência registada durante a Volta a Espanha de 2025, em que
várias etapas foram interrompidas por protestos e a corrida terminou com uma
cerimónia de pódio improvisada num parque de estacionamento subterrâneo em
Madrid. Sustentam que uma alteração administrativa cosmética dificilmente
evitará situações semelhantes, e que associar a imagem da ilha a uma edição
potencialmente volátil seria imprudente.
O conselho sublinha também que
a questão não foi financeira. Gran Canaria insiste que tinha capacidade
organizativa e recursos para receber a corrida, como já sucedeu noutros anos. A
decisão, dizem, assenta exclusivamente em evitar risco reputacional caso surjam
novos protestos ou perturbações.
Tenerife, por sua vez,
manifestou desilusão com o colapso de uma candidatura conjunta que envolvia o
governo das Canárias e os cabildos de Tenerife e Gran Canaria. A retirada de
Gran Canaria tornou o projeto inviável, originando desacordos entre instituições
que ambicionavam levar novamente a Grande Volta espanhola ao arquipélago.
Houve inúmeros incidentes
envolvendo a então designada Israel - Premier Tech na edição de 2025, incluindo
o cancelamento da 21ª etapa, depois dos manifestantes terem invadido as
estradas de Madrid.
Porque é
que Gran Canaria disse não
Em declarações a La Provincia,
Aridany Romero afirmou: "Há vários meses, tanto o presidente - Antonio
Morales - como eu deixámos claro que a Gran Canaria não queria ver o seu nome
associado à Volta a Espanha enquanto a Israel-Premier Tech estivesse a
competir". Sobre as mudanças propostas pela equipa, acrescentou: "É
uma tentativa de branquear, através do desporto, as ações genocidas do Estado
de Israel". Prosseguiu: "Colocaram ‘Israel’ no jersey e agora, depois
de tudo o que aconteceu nestes meses, limitaram-se a regressar à posição
anterior", concluindo: "No essencial, nada mudou".
De Tenerife, Lope Afonso
alertou que "os últimos desenvolvimentos não auguram boas
perspetivas" e afirmou que "o plano original desmorona-se" após
a decisão de Gran Canaria de sair de cena.
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