quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

“FIGURAS MARCANTES DO CICLISMO LUSO”

Hoje falamos de: Alfredo Trindade

Foram várias as figuras do pelotão nacional que marcaram as principais fases da evolução do ciclismo português, e das quais nos iremos ocupar neste capítulo, desde as proezas de José Bento Pessoa, nos finais do Século XVIII, aos inesquecíveis José Maria Nicolau e Alfredo Trindade, até aos históricos Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e Marco Chagas.

Pelo meio ficaram Ribeiro da Silva, a dinastia dominadora do FC Porto (dos Moreira, Dias Santos, Sousa Cardoso, Mário Silva, José Pacheco, entre outros), os dois José Martins (o do Benfica e o da Coelima), José Albuquerque (o popular “Faísca”), o “leão” João Roque e os benfiquistas Peixoto Alves, Fernando Mendes e Francisco Valada, para terminar em Joaquim Gomes, Fernando Carvalho, Jorge Silva, Orlando Rodrigues, Vítor Gamito, Nuno Ribeiro e José Azevedo. 

Todos eles estão envolvidos na reconstituição, que a seguir fazemos, das breves biografias daqueles que elegemos como principais marcos históricos da evolução do ciclismo português


ALFREDO TRINDADE

Nascimento: Maio de 1908 Naturalidade: Valada (Cartaxo) Equipas: União Clube do Rio de Janeiro (1932), Sporting (1933 a 1939) e Belenenses (1940 e 1941) Na Volta a Portugal: 2º em 1931; 1º + 11 etapas + 12 dias de líder, em 1932; 1º + 8 etapas + 17 dias de líder, em 1933; desistiu em 1934 e 1935; 14º em 1940; 7º em 1941. Vestiu a camisola amarela 29 vezes


IMPULSIONOU O SPORTING

Nicolau e Trindade travaram o mais empolgante dos históricos duelos do ciclismo português. A estampa atlética de um era a antítese da do outro. José Maria Nicolau, era alto e robusto, senhor de uma vontade indómita e de uma coragem impressionante, com o que supria a sua falta de conhecimentos sobre técnica e táctica de corrida e outras insuficiências próprias daqueles tempos.

Alfredo Trindade, era baixo e franzino, mas compensava esse 'handicap' com um espírito batalhador que o agigantava quando media forças com os adversários. Tinha a profissão de carpinteiro e os cronistas da época descreviam-no assim: «Cabelo castanho aloirado, em pé, ou melhor, em ondas verticais e aparado baixo; olhos castanhos grandes, sempre gaiatos e brilhantes; testa baixa e comprida, de cantos em ângulo recto; feições pequenas, o crânio relativamente volumoso, o maciço facial, a partir dos ossos molares salientes vai adelgaçando até à ponta do queixo. Não tem um peito alto, mas possui energia indomável.»

No embate entre os dois ribatejanos, a argúcia de Trindade equilibrava-se com a pujança de Nicolau -- este com 80 quilos e uma bicicleta com cerca de 14 quilos; aquele com 50 quilos e uma bicicleta apenas um pouco mais leve.


DUAS VITÓRIAS CONSECUTIVAS

Apesar do extraordinário êxito da primeira edição, em 1927, a Volta só regressou à estrada três anos depois, e o acolhimento que teve ultrapassou todas as expectativas, para o que contribuiu o empolgante duelo travado entre os históricos Nicolau e Trindade.

A rivalidade entre os dois ciclistas, e, naturalmente, entre os seus adeptos, não impediu que se tivesse criado, entre ambos, uma forte amizade que contagiou o público das duas facções e se prolongou até ao fim das suas carreiras.

A seguir à vitória do possante Nicolau, em 1931, o franzino Trindade, que nessa altura, embora sócio do Sporting desde 28 de Maio de 1930, envergava ainda a camisola do União Clube do Rio de Janeiro, popular agremiação do Bairro Alto, conseguiu a desforra no ano seguinte, dando maior significado à sã rivalidade que os dois populares ciclistas cultivavam, num despique que durou toda a corrida despertando paixões do primeiro ao último dia. O seu desfecho ficou a dever-se a um factor imponderável, a queda de Nicolau na etapa de Castelo Branco para Viseu, onde se atrasou irremediavelmente. Ainda conseguiu uma excelente recuperação, mas não foi o suficiente para destronar o rival.

Na época seguinte apresentou-se à partida da Volta envergando a camisola do Sporting, mas a expectativa do duelo com Nicolau gorou-se logo no início porque o valoroso ciclista do Benfica adoeceu e desistiu na segunda etapa, ficando o caminho aberto para a vitória de Trindade, que obteve a melhor média até então registada (26,598 Km/h). Trindade envergou a camisola amarela durante dez etapas, sendo segundo classificado nas restantes. César Luís e José Marquez foram na temporada de 1935, os seus principais rivais.

Já depois da retirada de Nicolau, em 1939, Trindade continuou em actividade, não no Sporting, mas no Belenenses, clube pelo qual disputou as Voltas de 1940 (14º) e 1941 (7º), duas actuações que estiveram muito longe daquilo a que nos habituara, pois já dava sinais de que o final da carreira estaria próximo.


Faleceu em 11 de Outubro de 1977

PRINCIPAIS VITÓRIAS - Circuito de Alcobaça (1930), Cartaxo-lisboa-Cartaxo (1931), Matosinhos-Valença-Matosinhos (1933), Lisboa-Ericeira-Mafra, Malveira-Lisboa (1934), Circuito do Cartaxo (1934), Voltas a Mafra (1934), Campeão nacional de Fundo (1934), Circuito Internacional (1936), Corrida à Americana (1937)

Fonte: FPC

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