quarta-feira, 17 de setembro de 2025

“"Nos últimos dias sentia-me doente, estava engripado"


Por: Tiago Gama Alexandre/Observador

Foto: @Dario Belingheri/@Getty Images

Foi um dos destaques da Volta a Espanha. É um dos maiores nomes desta temporada no ciclismo de estrada. Chama-se João Almeida, tem 27 anos e é a principal figura do ciclismo português depois de Joaquim Agostinho. Foi precisamente este domingo que o ciclista de A-dos-Francos recolocou Portugal no pódio da Vuelta, 51 anos depois de Agostinho o ter feito pela última vez. O ano tem sido de sonho, com dez vitórias e a conquista de três provas por etapas de uma semana, culminando com o histórico triunfo no Angliru e o segundo lugar na corrida espanhola. Almeida foi o principal adversário do extraterrestre Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), por entre as dúvidas depois da queda sofrida na Volta a França e a falta de apoio do bloco da UAE Team Emirates-XRG.

Terminada a competição, de forma repentina, no último domingo, o português voltou a galgar posições no ranking individual da União Ciclista Internacional (UCI) e é agora o quinto melhor ciclista da atualidade, atrás dos incontornáveis Tadej Pogacar (Emirates) e Vingegaard, e ainda de Mads Pedersen (Lidl-Trek) e Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck). Se tivermos em conta apenas os voltistas, o Bota Lume é o terceiro melhor, apenas superado pelos extraterrestres. Nas últimas ficou ainda a saber-se que o grande objetivo de Almeida para a reta final da temporada são os Campeonatos da Europa, que começam em França no início de outubro. Nesse sentido, João Almeida será o líder da Seleção portuguesa, que conta ainda com Afonso Eulálio (Bahrain-Victorious), António Morgado (Emirates),

Nelson Oliveira (Movistar, vai estar apenas no contrarrelógio) e Rui Costa (EF Education-EasyPost), declinando a presença nos Mundiais do Ruanda.

Em entrevista ao programa E o Campeão é…, da Rádio Observador, Almeida recordou a vitória no Angliru como uma “vitória histórica e especial”. “Foi muito bom. A sensação que tenho é que não daria para vencer. Terminamos num belo segundo lugar e com aspirações para fazer melhor no futuro. Até ao último quilómetro da etapa 20 sempre acreditei. Aí atirei a toalha ao chão, porque o Vingegaard estava na frente. Nos últimos dias sentia-me doente, estava engripado. Não tinha nada a perder. Dei o meu máximo e tentei deixá-lo em dificuldades. Não deu. Colocação? Tem vindo a melhorar bastante. Já foi muito pior. Coloco-me na posição de poupar energia. O segredo é saber quando não gastar energia. A minha capacidade de ‘esticar’ é bastante boa, mas às vezes estou muito no limite e não consigo. Prefiro deixar para o fim o esticão. Tento sempre correr da forma mais inteligente que consigo e deixar para o fim as chamadas Almeidadas”, acrescentou o ciclista da Emirates.

Quanto às críticas que se abateram sobre a equipa do Médio Oriente no decorrer da Vuelta, o português considerou que, “talvez num diazinho”, sentiu a falta de apoio dos seus colegas. “No geral estivemos excelentes e a equipa apoiou-me bastante. Chega a um certo ponto em que é cada um por si e que ter um companheiro não faz diferença. Não estivemos perfeitos, mas demos o nosso melhor. Fugas? Não se pagou o preço.

Há etapas que não são para a geral, que são para a fuga. As etapas que eles venceram foram dias para a fuga. Contrarrelógio? Sendo um contrarrelógio plano, a vantagem estava do meu lado. Em 27 quilómetros ganharia mais [tempo], mas acredito que não faria diferença para ganhar a Vuelta. Em termos de segurança a organização fez bem. Ayuso? Já sabíamos que ele ia sair da equipa [antes do início da Vuelta]. Não sei porque é que a equipa quis anunciar nessa altura [durante a competição]. Penso que ele queria oportunidades. Numa equipa com Pogacar não é fácil fazer toda a gente feliz. É o melhor de sempre. O que ele faz quase ninguém fez”, sublinhou.

“De início, a liderança era termos dois líderes. Ia ser bom porque a Visma só tinha um. Sabíamos a realidade, que a preparação do Ayuso não tinha sido a melhor. Na etapa de Andorra houve uma desconexão mental [de Ayuso] e as coisas ficaram mais esclarecidas. Gestão? Ter a camisola vermelha implica ir à cerimónia do pódio, entrevistas, conferências de imprensa… perde-se uma hora e meia na recuperação.

Tudo conta no final de 21 etapas e temos de priorizar a recuperação. Correr a Volta a Portugal? Antigamente tinha mais interesse e valor. Hoje em dia não tem tanto. Tem vindo a perder a sua essência e o seu valor. A grande montra é lá fora. No início, a evolução deve ser feita cá, mas lá fora é onde há mais experiência e conhecimento. É mais duro, mas a recompensa é maior. A Seleção foi muito importante para o meu desenvolvimento. Pódio improvisado? Foi um belo pódio humilde, num parque de estacionamento, em que os lugares era geleiras. Foi organizado pela Visma e a Q36.5. Gostei porque foi simples, uma coisa de amigos. Foi um dos melhores momentos da minha carreira”, completou.

Quanto ao futuro, João Almeida assumiu o objetivo de “ganhar uma Grande Volta”, depois de já estar “satisfeito” com o seu “palmarés de corridas de uma semana”. “Se é o Giro, Tour ou Vuelta, não sei. Ainda não preparámos a próxima temporada e temos de conciliar com o Tadej. Gostava de voltar ao Giro, porque tenho uma história especial com o Giro. Gostava de voltar e discutir a corrida. A Volta a França é número um e isso sente-se claramente. Mundial? É opção minha. Não ia chegar bem e a preparação não ia ser boa. Preferi dar oportunidade a outro atleta. Fazer número não fazia sentido. Gosto muito da minha equipas, mas ter a bandeira de Portugal ao peito dá outra sensação. Só quem representa percebe o sentimento que é. Estamos a representar o nosso país, sem interesses de patrocinadores, e queremos dar o nosso melhor. Ficar nos dez primeiros [do Europeu] seria um bom objetivo”, finalizou o Bota Lume.

Fonte: MSN

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