Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Durante a temporada de 2022,
Marta Cavalli destacou-se como uma das ciclistas mais promissoras do pelotão
feminino. A italiana, então na FDJ, brilhou como trepadora e especialista em
clássicas, conquistando vitórias sonantes e projetando-se como um dos grandes
nomes do futuro. No entanto, três anos depois, a atleta da Team Picnic PostNL
anunciou que não continuará no ciclismo profissional em 2026, encerrando a
carreira aos 27 anos.
"Terminou mais uma época,
mas o sabor que deixa é ligeiramente diferente... Os anos e anos passados a
perseguir sonhos e objetivos estão a cobrar o seu preço, e depois de derramar
litros de suor, acumular quilómetros e ultrapassar os meus limites vezes sem
conta, sinto-me exausta", escreveu a ciclista numa publicação no
Instagram. O anúncio foi posteriormente confirmado também pela sua equipa, num
comunicado oficial.
Uma
promessa travada pelas dificuldades
Depois de uma ascensão
meteórica em 2022, Cavalli nunca voltou a encontrar a mesma forma. O desgaste
físico, as quebras constantes de rendimento e a perda de confiança
transformaram-se em obstáculos insuperáveis. "Os últimos anos têm sido
incrivelmente difíceis devido aos constantes altos e baixos. Andei atrás de uma
condição que nunca mais voltou. As minhas pernas nunca se sentiram tão fortes
como eu gostaria e a minha motivação diminuiu", explicou.
Apesar disso, a italiana
sempre resistiu à ideia de desistir, tentando regressar ao mais alto nível.
"Encontrei-me muitas vezes numa encruzilhada, mas optei sempre por ficar e
voltar ao jogo porque nunca gostei de desistir", acrescentou.
2022, a época de ouro
Foi com a FDJ que Cavalli
viveu os melhores dias da carreira. Nesse ano, assinou uma temporada memorável:
venceu a Amstel Gold Race Feminina e a Flèche Wallonne Feminina, conquistou o
Mont Ventoux Dénivelé Challenge, foi 2ª na Volta a Itália Feminina e 5ª no
Paris-Roubaix Feminino. Um palmarés que a projetou como uma das ciclistas mais
versáteis do pelotão, capaz de competir ao mais alto nível tanto nas clássicas
como nas provas por etapas.
A expectativa era que essa
temporada fosse o ponto de partida para uma carreira recheada de sucessos, mas
a realidade acabou por ser bem diferente. "Há um ano, enfrentei um dos
momentos mais difíceis, ultrapassei-o (felizmente não sozinha) e voltei a
correr com um número de corrida nas costas. Um ano depois, posso dizer
tranquilamente que já não me sinto parte deste mundo e que chegou a altura de
me despedir do grupo porque o meu trabalho aqui terminou", confessou.
Últimos
lampejos e despedida
Em 2025, ainda conseguiu estar
próxima do top 10 na primeira edição da Milano-Sanremo feminina, mas esse
resultado acabou por ser insuficiente para alguém do seu nível. "Não posso
esconder a minha desilusão, mas chegou o momento em que é melhor deixar para
trás e perseguir outros sonhos que tive. Diverti-me tanto no selim nestes
últimos anos, conheci tantas pessoas e vivi tantas aventuras sem sentido",
disse.
Na hora da despedida, Cavalli
não esqueceu quem esteve ao seu lado. "Tenho de agradecer a muitas
pessoas, especialmente às equipas que me acompanharam e apoiaram. Chegou a
altura de descobrir o mundo de uma perspetiva diferente e de viver uma vida mais
‘normal’".
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